Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
Obsessive-compulsive disorder (OCD)
Below is a Brazilian Portuguese translation of our information resource on obsessive-compulsive disorder (OCD). You can also view our other Brazilian Portuguese translations.
Aviso de Isenção de Responsabilidades
"Ele é um fã obsessivo de futebol."
"Ela é obcecada por sapatos."
"Ele é um mentiroso compulsivo."
Usamos essas frases para descrever pessoas que pensam muito em algo ou fazem algo repetidamente, mesmo quando os outros não conseguem ver nenhuma razão para isso. Isso não é necessariamente um problema e, em algumas linhas de trabalho, pode até mesmo ser útil.
No entanto, algumas pessoas têm pensamentos angustiantes que vêm à mente repetidas vezes, ou experimentam impulsos de fazer a mesma coisa repetidas vezes. Isso pode vir a dominar sua vida, a impedir de aproveitar as coisas e até mesmo a impedir de fazer as coisas que precisa fazer.
Então se:
- você tem pensamentos horríveis vindo à sua mente, mesmo que se esforce para mantê-los fora
ou
- você tem que tocar ou contar coisas, ou repetir a mesma ação, como lavar várias vezes
você pode ter transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Este folheto é para qualquer pessoa que tenha problemas com obsessões ou compulsões. Esperamos que também seja útil para familiares e amigos – e qualquer outra pessoa que queira saber mais sobre o TOC.
Ele descreve como é ter TOC, um pouco da ajuda disponível e como funciona bem, como você pode ajudar a si mesma e como ajudar outra pessoa que está deprimida. Ele também menciona algumas das coisas que não sabemos sobre o TOC. Ao final deste folheto, há uma lista de locais para obtenção de mais informações e referencias da pesquisa que originou este folheto.
Como é ter TOC?
Os componentes do TOC
O TOC tem três partes principais.
- Obsessões – os pensamentos que a deixam ansioso
- Emoções – a ansiedade que sente
- Compulsões – as coisas que faz para reduzir sua ansiedade
Vejamos isso com mais detalhes.
Obsessões – os pensamentos que a deixam ansioso
"Tenho medo de machucar minha bebê. Sei que não quero, mas pensamentos ruins continuam surgindo na minha cabeça. Posso me imaginar perdendo o controle e esfaqueando-a com uma faca. A única maneira de me livrar dessas ideias é fazer uma oração e depois ter um bom pensamento como "Eu sei que a amo muito". Geralmente me sinto um pouco melhor depois disso, até a próxima vez que essas fotos horríveis vierem à minha cabeça. Escondi todos os objetos afiados e facas em minha casa. Penso comigo mesmo "você deve ser uma mãe horrível para pensar assim. Devo estar enlouquecendo" - Dawn
- Pensamentos – palavras isoladas, frases curtas ou rimas desagradáveis, chocantes ou blasfemas. Você tenta não pensar nelas mas elas não vão embora. Você se preocupa que possa estar contaminada (por germes, sujeira ou doença) ou que alguém possa ser prejudicado porque você foi descuidada.
- Imagens em sua mente – você vê sua família morta, ou se vê fazendo algo violento ou sexual que está completamente fora de seu caráter - esfaqueando ou abusando de alguém, ou sendo infiel. Tais pensamentos podem ser muito alarmantes, para quem os tem, sua família e até mesmo para os profissionais. Mas sabemos que as pessoas com obsessões não agem de acordo com esses pensamentos, embora temam que o façam. Uma pessoa com TOC não corre um risco maior de causar danos do que qualquer outro membro do público. Mesmo assim, se tiver esses pensamentos, é melhor consultar um profissional de saúde mental com experiência especializada no tratamento do TOC.
- Dúvidas – você se pergunta por horas se pode ter causado um acidente ou infortúnio a alguém. Pode se preocupar com o fato de ter atropelado alguém com seu carro ou de ter deixado as portas e janelas destrancadas.
- Ruminações – você discute incessantemente consigo mesmo sobre se deve fazer uma coisa ou outra, então você não pode tomar a decisão mais simples.
- Perfeccionismo – você está incomodado, de uma forma que outras pessoas não estão, se as coisas não estiverem exatamente na ordem certa, não estiverem equilibradas ou não estiverem no lugar certo. Por exemplo: se os livros não estão devidamente alinhados na estante.
Emoções – a ansiedade que sente
"Passo o dia todo me certificando de que nada vai dar errado. Levo uma hora para sair de casa pela manhã, porque nunca tenho certeza de que desliguei todos os aparelhos elétricos, como o fogão, e tranquei todas as janelas. Em seguida, verifico se o fogo do gás está desligado cinco vezes, mas se não parecer certo, tenho que fazer tudo de novo. No final, peço a minha parceira que verifique tudo novamente para mim. No trabalho estou sempre atrasado porque tenho que verificar tudo várias vezes pra ver se não cometi nenhum erro. Se não verifico, fico preocupado e não consigo lidar com isso. É ridículo, eu sei, mas acho que se algo terrível acontecesse, eu seria o culpado". –John
- Você se sente tenso, ansioso, temeroso, culpado, desgostoso ou deprimido.
- Você se sente melhor se executar seu comportamento compulsivo, mas não dura muito tempo.
Compulsões – as coisas que faz para reduzir sua ansiedade
"Tenho medo de contrair alguma doença das pessoas com quem entro em contato. Eu gasto horas passando água sanitária nas superfícies da minha casa para impedir os germes de se proliferarem e lavo minhas mãos várias vezes ao dia. Evito sair de casa sempre que possível. Quando meu marido e meus filhos chegam em casa, peço para que me contem sobre onde estiveram em detalhes, para saber se foram a algum lugar perigoso, como um hospital. Também faço com que tirem suas roupas e se lavem minunciosamente. Uma parte de mim sabe que esses medos são estúpidos. Minha família está cansada disso, mas já está acontecendo há tanto tempo que não consigo mais parar." — Liz
- Redirecionamento de pensamentos obsessivos: você 'distrai' o pensamento fazendo contas, rezando ou repetindo uma palavra especial várias vezes. Tem a sensação de que isso impede que coisas ruins aconteçam. É também uma forma de se livrar de pensamentos ou imagens desagradáveis.
- Rituais: você lava suas mãos com frequência, executa atividades lentamente e com bastante cuidado, podendo até mesmo arrumar objetos ou organizar atividades de um jeito peculiar. Gasta tanto tempo nesses processos que demora para conseguir ir a algum lugar ou fazer algo produtivo.
- Checagem: você percorre seu corpo constantemente atrás de possíveis contaminações, verifica se desligou eletrodomésticos, se trancou a casa ou se o caminho que vai percorrer é seguro.
- Fuga: você evita tudo que possa trazer à tona suas preocupações. Evita tocar em alguns objetos, ir a certos lugares, assumir riscos ou aceitar responsabilidades. Por exemplo, pode evitar ir à cozinha porque sabe que lá haverá facas afiadas.
- Acumulação: você guarda vários objetos sem valor ou estragados. Não consegue jogar nada fora.
- Necessidade de validação: você pede constantemente às pessoas para que digam que está tudo bem.
O TOC é muito comum?
Cerca de 1 em cada 50 pessoas sofre de TOC em algum momento de suas vidas, tanto homens quanto mulheres. Isso soma mais de 1 milhão de pessoas no Reino Unido.
A lista de pessoas renomadas com TOC inclui o biólogo Charles Darwin, a pioneira da enfermagem Florence Nightingale, a atriz Cameron Diaz e o jogador de futebol David Beckham.
Se você aposta, come ou bebe "compulsivamente", significa que tem TOC?
Não. As palavras 'compulsivo' e 'obsessivo' às vezes são usadas para descrever pessoas que jogam, bebem álcool, fazem compras, usam drogas de rua - ou até mesmo se exercitam demais.
Porém, esses comportamentos podem dar prazer. As compulsões no TOC nunca dão prazer – elas são sempre sentidas como uma demanda ou fardo desagradável.
Qual é a gravidade do TOC?
Isso varia de pessoa para pessoa, mas tanto o trabalho quanto a vida em família tornam-se mais produtivas e agradáveis quando não se precisa lidar constantemente com o TOC.
Quando o TOC é mais severo, ele pode impedir que a pessoa trabalhe regularmente, participe da vida familiar, ou até mesmo se relacione com sua família.
Em especial, sua família pode ficar chateada se você tentar envolvê-la em seus rituais.
As pessoas com TOC perdem o controle?
Não – as pessoas com TOC não perdem o controle, embora muitas vezes se preocupem muito com isso. Elas podem até mesmo se perguntar se estão enlouquecendo. Muitas vezes, elas sentem vergonha de como são e tentam esconder isso, mesmo que não seja culpa delas.
Embora você possa se preocupar com a possibilidade de perder o controle, sabemos que isso é extremamente raro.
Quais condições se parecem com o TOC?
Há várias outras condições que podem se sobrepor ao TOC ou ter outras semelhanças.
- Transtorno dismórfico corporal ou 'a angústia por conta uma feiura imaginária'. Você se convence de que uma parte do seu rosto ou corpo é deformada e passa horas em frente ao espelho reparando nesta parte ou tentando disfarçá-la. Pode até mesmo parar de sair em público.
- Tricotilomania – o impulso de arrancar cabelos ou pelos da sobrancelha.
- Ansiedade em relação à saúde (hipocondria) – medo de sofrer de uma doença física grave, como o câncer.
- Pessoas com síndrome de Tourette (onde uma pessoa pode gritar de repente ou se contorcer incontrolavelmente) também costumam ter TOC.
- Crianças e adultos com algumas formas de autismo, como a síndrome de Asperger, podem parecer ter TOC porque gostam que as coisas sejam iguais e podem gostar de fazer a mesma coisa repetidamente.
Quando o TOC começa?
Muitas crianças apresentam compulsões leves. Elas podem organizar seus brinquedos de maneira bastante precisa, ou evitar pisar em rachaduras numa calçada. Esses comportamentos normalmente cessam quando elas crescem.
Já o TOC em adultos frequentemente começa na adolescência ou no início da idade adulta. Os sintomas podem ir e vir com o tempo, mas os portadores geralmente não procuram ajuda até que tenham TOC por muitos anos.
Qual é a perspectiva sem ajuda ou tratamento?
Os sintomas do TOC podem melhorar ou até mesmo cessar por um tempo, mas eles frequentemente voltam. Algumas pessoas pioram lentamente, enquanto para outras os sintomas pioram quando estão estressadas ou deprimidas.
O tratamento usualmente ajuda.
O que causa o TOC?
Há muitos fatores que afetam o desenvolvimento do TOC.
- Genética – O TOC é um transtorno complexo. Estudos demonstraram que há diferentes fatores de risco genéticos envolvidos no desenvolvimento do TOC. As pessoas que têm um parente com TOC têm maior probabilidade de desenvolver TOC do que pessoas que não o têm.
- Estresse – Eventos estressantes da vida provocam a doença em cerca de um ou dois em cada três casos.
- Mudanças na vida – Momentos em que alguém repentinamente precisa assumir mais responsabilidades, por exemplo, a puberdade, o nascimento de um filho ou um novo emprego.
- Alterações cerebrais – Não sabemos se é uma causa ou o resultado do TOC, mas se você tiver os sintomas por mais de um curto período, os pesquisadores acham que pode haver alterações na forma como a substância química chamada serotonina (também conhecida como 5HT) funciona no cérebro.
- Personalidade – Se você é uma pessoa organizada, meticulosa, metódica e com padrões elevados, pode ser mais provável que desenvolva TOC. Essas qualidades normalmente são úteis, mas podem levar ao TOC se acabarem se tornando muito extremas.
- Maneiras de pensar – Quase todos nós, às vezes, temos pensamentos ou imagens estranhas ou angustiantes em nossas mentes – "e se eu entrar na frente daquele carro?" ou "Poderia machucar meu filho". A maioria de nós descarta rapidamente essas ideias e segue com nossas vidas. Mas, se você tem padrões particularmente elevados de moralidade e responsabilidade, pode achar que é terrível ter esses pensamentos. Portanto, é mais provável que você fique atento à volta deles – o que torna mais provável que eles voltem.
Obtendo ajuda
Como posso me ajudar?
Aqui estão algumas coisas que você mesmo pode fazer e que ajudaram outras pessoas com TOC.
- Lembre-se, não é sua culpa e você não está ficando “louco”.
- Exponha-se aos seus pensamentos perturbadores. Isso parece estranho, mas é uma forma de obter mais controle sobre eles. Você pode gravá-los e ouvi-los ou escrevê-los e relê-los. Deve fazer isso regularmente por cerca de meia hora todos os dias até que sua ansiedade diminua.
- Resista ao comportamento compulsivo, mas não ao pensamento obsessivo.
- Não use álcool ou drogas ilícitas para controlar sua ansiedade.
- Se seus pensamentos envolvem preocupações sobre sua fé ou religião, às vezes pode ser útil falar com um líder religioso para ajudá-lo a descobrir se este é um problema de TOC.
- Entre em contato com um dos grupos de apoio ou sites listados no final deste folheto.
- Experimente um livro de autoajuda, como um dos listados no final deste folheto.
Comportamentos menos úteis
Surpreendentemente, algumas das maneiras pelas quais você se ajuda podem realmente mantê-lo funcionando:
- Tentar afastar pensamentos desagradáveis da mente, isso geralmente só faz com que os pensamentos retornem. Por exemplo, tente não pensar em um elefante rosa no próximo minuto, você provavelmente achará difícil pensar em qualquer outra coisa.
- Pensar em pensamentos “seguros” ou “corrigidos”. Por exemplo, você gasta tempo corrigindo um pensamento perturbador com outro pensamento (como contar até dez) ou imagem (como ver uma pessoa viva e bem).
- Os rituais, a verificação, a evitação e a busca de garantias o deixarão menos ansioso por um curto período – especialmente se você achar que isso pode evitar que algo terrível aconteça. Mas, toda vez que você as pratica, fortalece sua crença de que elas impedem que coisas ruins aconteçam. E então você sente mais pressão para fazê-las... e assim por diante.
Que ajuda posso obter?
Existem várias terapias e outros tipos de ajuda disponíveis para pessoas com TOC.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
Este é um tratamento que ajuda você a mudar sua maneira de pensar e se comportar para que possa se sentir melhor e seguir com sua vida.
Existem dois tipos de TCC usados para tratar o TOC, Exposição e Prevenção de Resposta (EPR) e Terapia Cognitiva (TC).
Exposição e prevenção de resposta (EPR)
Esta é uma forma de impedir que comportamentos compulsivos e ansiedades se fortaleçam. Sabemos que se você permanecer em uma situação estressante por tempo suficiente, gradualmente se acostumará e sua ansiedade desaparecerá. Assim, gradualmente enfrenta a situação que teme (exposição), mas deixa de fazer seus rituais compulsivos habituais, de verificação ou limpeza (prevenção de resposta), e espera que sua ansiedade desapareça.
Geralmente é melhor fazer isso em pequenos passos:
- faça uma lista de todas as coisas que teme ou evita no momento;
- coloque as situações ou pensamentos que menos teme em baixo e os piores em cima;
- em seguida, comece de baixo e vá subindo, abordando um de cada vez. Não passe para o próximo estágio até ter superado o último.
Isso funcionará melhor se praticar com frequência, várias vezes ao dia, durante pelo menos uma ou duas semanas. Cada vez, faz isso por tempo suficiente para que sua ansiedade caia para menos da metade do que é pior, isso pode levar entre 10 e 90 minutos para começar. Pode ajudar a anotar uma medida do quanto você está ansioso a cada 5 minutos, por exemplo, de 0 (sem medo) a 10 (medo extremo). Verá como sua ansiedade aumenta e depois diminui.
Pode praticar alguns dos passos com seu terapeuta, mas na maioria das vezes fará isso sozinho, em um ritmo com o qual se sinta confortável. É importante lembrar que não precisa se livrar de toda a sua ansiedade, apenas o suficiente para administrá-la melhor. Lembre-se de que sua ansiedade:
- é desagradável, mas não fará mal nenhum.
- eventualmente irá embora.
- será mais fácil de enfrentar com a prática regular.
Existem duas maneiras principais de experimentar a EPR:
- Autoajuda guiada – Segue as orientações de um livro ou DVD ou usa um programa de software em um computador, tablet ou aplicativo de smartphone. Também tem contato ocasional com um profissional para aconselhamento e suporte. Essa abordagem pode ser adequada se o seu TOC for leve e você tiver confiança para experimentar maneiras de se ajudar.
- Contato regular direto com um profissional, sozinho ou em grupo – Pode ser presencial, por telefone ou por videoconferência. Isso geralmente acontece a cada semana ou duas semanas no início e pode durar entre 45 e 60 minutos por vez. Recomenda-se até dez horas de contato para começar, mas você pode precisar de mais.
Aqui está um exemplo:
John não podia sair de casa na hora certa para o trabalho todos os dias, porque tinha que verificar muitas coisas na casa. Ele temia que a casa pudesse pegar fogo ou que ele pudesse ser assaltado se não verificasse certas coisas cinco vezes cada. Ele fez uma lista do que estava verificando, começando pelo mais fácil de resolver. Parecia assim:
- O fogão (menos temido)
- A chaleira
- O fogo do gás
- As janelas
- As portas (mais temidas)
O primeiro passo foi lidar com o fogão, pois esse era o problema menos temido. Em vez de se certificar de que o fogão foi desligado várias vezes, ele verificou apenas uma vez (exposição). No início, ele se sentiu muito ansioso. Ele se impediu de voltar para verificar novamente. Ele concordou em não pedir à esposa que verificasse tudo para ele também e em não pedir a ela garantia de que a casa estava segura (prevenção de resposta). Ele gradualmente sentiu menos medo nas duas semanas seguintes.
Ele então passou para o passo dois (a chaleira) e assim por diante. Eventualmente, ele conseguiu sair de casa sem nenhum de seus rituais de verificação. Ele agora poderia chegar ao trabalho na hora certa.
Eficácia
Cerca de 3 em cada 4 pessoas que completam o EPR são muito ajudadas. Daquelas que melhoram, cerca de 1 em cada 5 desenvolverá sintomas no futuro e necessitará de tratamento adicional. No entanto, cerca de 1 em cada 4 pessoas se recusa experimentar o ER, ou então não o termina. Elas podem estar com muito medo ou se sentirem sobrecarregadas para fazer isso.
Terapia cognitiva (TC)
A terapia cognitiva é um tratamento psicológico que ajuda você a mudar sua reação aos pensamentos, em vez de tentar se livrar deles. Isso pode ser útil se você tiver pensamentos obsessivos preocupantes, mas não realiza nenhum ritual ou ação para se sentir melhor. Também pode ser adicionado ao tratamento de exposição (EPR) para ajudar a superar o TOC.
A terapia cognitiva ajuda você a:
Parar de lutar contra os pensamentos
Todos nós temos pensamentos estranhos às vezes, mas isso é tudo que eles são. Eles não significam que você é uma pessoa má ou que coisas ruins vão acontecer, e tentar se livrar de tais pensamentos simplesmente não funciona. A terapia cognitiva pode ajudá-lo a se sentir melhor, até mesmo relaxado, enquanto tem esses pensamentos. Pode aprender a tratá-los com leve curiosidade ou diversão. Se ocorrerem pensamentos ainda mais desagradáveis, você aprenderá a não resistir a eles, a apenas deixá-los acontecer e a pensar sobre eles da mesma maneira. Esses pensamentos muitas vezes desaparecem quando você para de tentar fazê-los desaparecer.
Mude sua reação aos seus pensamentos
Você aprende a perceber quando está tendo “pensamentos sobre pensamentos” perturbadores, como 'Sou uma pessoa ruim por pensar assim.' Você pode manter um diário dessas formas inúteis de pensar e depois desafiá-las perguntando-se:
- Quais são as evidências a favor e contra a veracidade desta ideia?
- Quão útil é esse pensamento? Qual é outra maneira de ver isso?
- Qual é o pior/melhor/mais realista resultado?
- Como eu aconselharia um amigo que tivesse meus problemas? Se o meu conselho para eles é diferente do conselho que dou a mim mesmo, por quê?
Lidar com responsabilidade e culpa
Você enfrenta pensamentos irrealistas e autocríticos. Eles podem incluir:
- dar muita importância aos seus pensamentos (eles são “apenas” pensamentos);
- superestimar as chances de algo ruim acontecer;
- assumir a responsabilidade pelas coisas ruins que acontecem, mesmo quando elas estão fora do seu controle;
- tentando se livrar de todos os riscos na vida de seus entes queridos.
Teste crenças inúteis
Um medo comum no TOC é “pensar que isso fará acontecer”. Tente olhar pela janela para um prédio e pense nele caindo. Visualize uma imagem bem clara em sua mente. O que acontece? Outra crença perturbadora é que “ter pensamentos é tão ruim quanto colocá-los em prática”. Imagine que o seu vizinho está doente e precisa fazer algumas compras. E você apenas pensa em fazê-lo. Isso faz de você uma boa pessoa boa? Não, exatamente. Para ser útil, é preciso ter iniciativa. Isso vale para os pensamentos “ruins”. É importante lembrar que uma pessoa com TOC não coloca em prática seus pensamentos obsessivos.
Um terapeuta cognitivo irá ajudá-lo a decidir qual das suas ideias você quer mudar, e vai ajudá-lo a construir novas ideias que são mais realistas, equilibradas e benéficas.
A maioria das sessões com um terapeuta acontece no seu consultório médico local, numa clínica ou às vezes no hospital. Você pode fazer uma tomografia por telefone ou em sua própria casa, se não puder sair.
Medicamento antidepressivo
Os antidepressivos ISRS (Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina) podem ajudar a reduzir obsessões e compulsões, mesmo se você não estiver deprimido. Os exemplos incluem sertralina, fluoxetina, paroxetina, escitalopram e fluvoxamina.
Eles são geralmente seguros, mas podem causar efeitos colaterais nos primeiros dias como inquietação, dor de cabeça, boca seca ou sensação de mal-estar. Os ISRS podem ser usados sozinhos, ou com TCC (Terapia Cognitiva Comportamental), para TOC moderado a grave. Doses mais altas geralmente funcionam melhor para o TOC.
Se o tratamento com um ISRS não tiver ajudado em nada após 3 meses, a próxima etapa é mudar para um ISRS diferente ou uma medicação chamada clomipramina. É melhor continuar a medicação por pelo menos 12 meses, se estiver ajudando. Esses medicamentos não são viciantes, mas devem ser cortados lentamente ao longo de várias semanas antes de parar.
Eficácia
Cerca de 6 em cada 10 pessoas melhoram com medicação. Em média, seus sintomas reduzem cerca de um terço. A medicação antiobsessiva ajuda a evitar que o TOC volte durante o tempo em que é tomada, mesmo depois de vários anos. Porém, cerca de 1 em cada 3 pessoas que param a medicação apresentam sintomas novamente nos meses após a interrupção. Isto é muito menos provável de acontecer se a medicação for combinada com TCC.
Qual é a melhor abordagem para mim – medicação ou tratamentos terapêuticos?
A terapia de exposição pode ser experimentada sem ajuda profissional (em casos mais leves) e é eficaz e não tem efeitos colaterais, além da ansiedade. Por outro lado, requer muita motivação e disciplina, e envolve um pouco mais de ansiedade por um curto período.
A TCC e medicação são provavelmente eficazes na mesma medida. Se você só apresenta TOC leve, a TCC pode ser eficaz sozinha.
Se apresenta TOC moderado a severo, pode escolher entre a TCC (até 10 horas em contato com um terapeuta) ou medicação (por 12 semanas) para começar. Se não apresentar melhora, é recomendado realizar os dois tratamentos. Talvez exista uma lista de espera de vários meses para se consultar com um profissional em algumas partes do país.
Se o TOC for severo, é melhor tentar a medicação e a TCC juntos desde o início. A medicação sozinha é uma opção se o TOC for bem leve, e se sentir que não consegue lidar com a ansiedade da terapia de exposição e do TOC. Isto ajuda cerca de 6 a cada 10 pessoas, mas a chance do TOC voltar no futuro é maior – cerca de 1 em 3, em comparação com cerca de 1 em 5 para tratamentos de exposição (ERP). É preciso tomar por um ano e, naturalmente, não será sua primeira escolha se estiver grávida ou amamentando.
Vale a pena conversar sobre essas opções com seu médico, que poderá lhe dar todas as informações necessárias. Também pode perguntar a amigos em que confia ou membros da família.
E se o tratamento não ajudar?
Seu médico pode o direcionar para uma equipe de especialistas, que pode incluir psiquiatras, psicólogos, enfermeiras, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. Eles devem sugerir:
- incluir terapia cognitiva ao tratamento de exposição ou medicação;
- tomar duas medicações antiobsessivas ao mesmo tempo, como clomipramina e citalopram;
- incluir medicação antipsicótica, como aripiprazol ou risperidona;
- tratar outras condições (cerca de 1 a cada 3 pessoas com TOC também tem ansiedade, depressão, ou um problema com álcool ou abuso de substâncias);
- trabalhar junto com sua família e cuidadores para apoiá-los e aconselhá-los.
Se tiver dificuldade em morar sozinho, eles também devem sugerir que encontre um lugar mais adequado com pessoas que possam o ajudar a se tornar mais independente.
Com o tratamento, a perspectiva para a maioria das pessoas com TOC é boa. No entanto, se tem TOC severo que não tenha melhorado:
- Um tratamento diário mais intenso de uma linha de tratamento psicológico (TCC ou terapia de exposição), em que fica no hospital durante o tratamento.
- Uma nova abordagem que está sendo pesquisada no momento é a estimulação cerebral profunda, que usa pulsos elétricos para aliviar os sintomas.
- Um tratamento que raramente é oferecido, se nada mais tenha ajudado, é a cirurgia chamada 'neurocirurgia ablativa'. Esse é realmente um último recurso, pois pode haver efeitos colaterais graves.
Vou precisar ir ao hospital para o tratamento?
A maioria das pessoas melhora ao consultar um clínico geral ou ao ir a uma clínica que pode estar vinculada a um hospital. A internação a uma unidade de saúde mental somente será sugerida se:
- seus sintomas são muito severos, você não conseguir cuidar de si mesmo adequadamente ou você tiver pensamentos suicidas;
- você tiver outros problemas mentais sérios, como um transtorno alimentar, esquizofrenia, psicose ou depressão severa;
- seu TOC impedir você de ir à clínica para tratamento.
Quais tratamentos não funcionam para o TOC?
Algumas dessas abordagens podem não funcionar em outras condições - mas não há evidências sólidas para elas no TOC:
- Terapias alternativas ou complementares com hipnoses, homeopatia, acupuntura e remédios à base de plantas - mesmo que pareçam atrativas.
- Outros tipos de medicamentos antidepressivos, a menos que você esteja sofrendo de depressão além do TOC.
- Medicamentos para dormir e tranquilizantes (zopiclona, diazepam e outros benzodiazepínicos) por mais de duas semanas. Essas drogas podem causar dependência.
- Terapia de casal – a menos que haja outros problemas na relação além do TOC. É útil que o parceiro e a família tentem descobrir mais sobre o TOC e como ajudar.
- Orientação psicológica e psicoterapia psicanalítica. Os tratamentos mais específicos acima descritos parecem funcionar muito melhor contra os sintomas de TOC. Mas algumas pessoas com TOC realmente acham benéfico falar sobre sua infância e experiências passadas.
E se houver uma longa espera para se iniciar a TCC?
Seu médico pode encaminhá-lo à um serviço local chamado 'Melhoria do Acesso às Terapias Psicológicas' (IAPT) ou para uma equipe especialista em saúde mental.
Neste momento, há uma escassez de profissionais do NHS(SUS) treinados em TCC. Em algumas áreas você pode ter que esperar por muitos meses para começar um tratamento. Terapeutas qualificados são registrados geralmente com a British Association of Behavioural and Cognitive Psychotherapies.
Se as medidas descritas na seção 'Como posso ajudar a mim mesmo?' não ajudarem, você pode consultar seu médico sobre a possibilidade de iniciar o uso do medicamento com SSRI enquanto isso.
Que tipo de ajuda meus familiares e amigos podem fornecer?
Aqui estão algumas formas de como a família e os amigos podem oferecer ajuda e apoio.
- O comportamento de alguém com TOC pode ser bastante frustrante - tente lembrar que ele ou ela não está tentando ser difícil ou se comportar de maneira estranha - eles estão lidando da melhor forma que podem.
- Pode levar algum tempo para que alguém aceite que precisa de ajuda. Encoraje-os a lerem sobre TOC e falar sobre isso com um profissional.
- Descubra mais sobre TOC.
- Você pode auxiliar nos tratamentos de exposição reagindo de maneira diferente às compulsões de seus parentes:
- encoraje-os a enfrentar situações que causam medo;
- diga 'não' a participar dos rituais ou checagem;
- não os tranquilize de coisas que já estão bem.
- Não se preocupe que alguém com um medo obsessivo de ser violento realmente vá fazê-lo. Isso não acontece.
- É melhor não tentar impedir fisicamente alguém de realizar um ritual.
- Pergunte se você pode acompanhá-los para ver um médico, psiquiatra ou outro profissional.
Que outros tipos de suporte e recursos estão disponíveis?
Grupos de apoio
Ação TOC
Um grupo de caridade para pessoas com TOC, transtorno dismórfico corporal, escarificação compulsiva tricotilomania.
Para ajuda e mais informações: 0845 390 6232
E-mail: support@ocdaction.org.uk.
OCD-UK
Grupo de apoio nacional para crianças e adultos com TOC.
Telefone de aconselhamento: 0845 120 3778
E-mail: support@ocduk.org.
Anxiety UK
Uma organização para pessoas com problemas de ansiedade incluindo crises, fobias e condições ligadas ao TOC. Provêm apoio os portadores, suas famílias e cuidadores. Chats ao vivo, e-mail. livros de autoajuda, CDs, DVDs e outros recursos.
Linha de apoio: 0844 775774
E-mail: support@anxietyuk.org.uk.
Mais informações
NHS Choices
Informação sobre condições, tratamentos, serviços locais e vida saudável do Serviço Nacional de Saúde.
British Association for Behavioural & Cognitive Psychotherapies (BABCP)
A principal associação grupo para diferentes grupos de profissionais que oferecem TCC dentro e fora da NHS. Ela mantém padrões de boas práticas, fornece informações, panfletos e mantêm um registro dos membros que podem ser contactados para tratamentos não oferecidos pela NHS. Telefone: 0161 054 304; e-mail: babcp@babcp.com.
TCC Computadorizada
Para informações com pacotes de computador de autoajuda para ansiedade, depressão, fobias e TOC leia nosso panfleto sobre TCC ou acesse os links:
Leitura adicional
Este esquema auxilia você a administrar seu bem-estar usando a leitura de autoajuda. A lista do livro é endossada por pessoas que vivem com as condições abordadas e por profissionais da saúde, incluindo o Real Colégio de Psiquiatras (Royal College of Psychiatrists). É amplamente apoiado pelas bibliotecas públicas.
Entendendo as orientações do NICE
Informações para pessoas com TOC ou transtorno dismórfico corporal, para suas famílias e cuidadores, e para o público.
Livros
Break Free from OCD: Overcoming Obsessive Compulsive Disorder with CBT by Fiona Challacombe, Victoria Bream Oldfield and Paul Salkovskis, Vermillion.
Understanding Obsessions & Compulsions: A self-help manual by Frank Tallis, Sheldon Press.
Overcoming Obsessive-Compulsive Disorder: a self-help book using cognitive-behavioural techniques by David Veale and Robert Willson, Constable and Robinson.
Créditos
Produzido pelo Conselho Editorial de Engajamento Público do RCPsych
Revisão especializada: Dr. Paul Blenkiron
Editor: Dr. Phil Timms
Gerente de série: Thomas Kennedy
This translation was produced by CLEAR Global (Aug 2024)